Parábolas de Kryon

"Wo e a Sala de Aprendizagem"

Era uma vez um humano, a quem chamaremos Wo. O sexo de Wo não é importante para esta história, mas uma vez que não há uma palavra adequada para uma pessoa de género neutro, chamá-lo-emos o Wohumano, de modo que Wo, possa abarcar todos os homens e todas as mulheres por igual. Não obstante, e apenas por motivos de tradução, diremos que Wo é “ele”.
Como todos os Humanos da sua civilização, Wo vivia numa casa, mas só se interessava pelo quarto em que vivia, porque era a única coisa realmente sua. O seu quarto era bonito e a sua tarefa era encarregar-se de o manter assim, o que ele fazia.
WO tinha uma vida boa. Pertencia a uma civilização na qual, cada vez que queria comida, tinha muita. Nunca tinha frio, porque havia sempre com que se proteger dele. À medida que crescia, aprendia muitas coisas sobre si mesmo. Aprendia quais as coisas o punham feliz, e encontrava objectos para pendurar na parede, os quais podia contemplar agradavelmente. Wo também aprendia que coisas o faziam sentir-se triste, e a como pendurar essas coisas na parede, quando queria estar triste. Aprendia igualmente que coisas o aborreciam, e ao encontrá-las, pendurava-as na parede. Assim, quando decidia estar aborrecido,olhava para elas.
Tal como acontece com outros Humanos, Wo tinha muitos medos. Embora dispusesse do essencial para viver, tinha medo dos outros Seres Humanos e de certas situações. Temia que esses Humanos e essas situações pudessem trazer alterações ao seu mundo, porque se sentia estável e seguro com a maneira que a vida decorria à sua volta, e tinha trabalhado duramente para chegar a esse estado. Temia as situações que pareciam ter capacidade de interferir com o seu quarto tão estável e receava os Humanos que controlavam essas situações.
Wo soube da existência de Deus através dos outros Humanos. Disseram-lhe que um Ser Humano era algo muito pequeno e Wo acreditou. Ao fim e ao cabo, olhava à sua volta e via milhões de Seres Humanos, mas um só Deus. Disseram-lhe que Deus era Tudo, e que ele não era nada. Porém, Deus, no seu amor infinito, responderia às suas orações, desde que ele rezasse com sinceridade e agisse com integridade durante a sua vida. E Wo, que era uma pessoa espiritual, pedia a Deus que os Humanos e as situações que tanto receava não trouxessem alterações, e que o seu quarto pudesse continuar a ser igual ao que sempre fora – e Deus respondia ao seu pedido.
WO tinha medo do passado, porque de algum modo lhe lembrava coisas desagradáveis, e rezava a Deus para que bloqueasse essas coisas na sua memória - e Deus respondia ao seu pedido. Wo também tinha medo do futuro, porque continha possibilidades de alterações e era escuro, incerto e oculto para ele. Pedia a Deus que o futuro não trouxesse alterações ao seu quarto - e Deus respondia ao seu pedido. Wo nunca ia muito longe dentro do seu quarto, porque tudo o que realmente necessitava como Humano, estava num dos cantos desse quarto. Quando os amigos vinham de visita, era ali que os recebia. E estava contente assim.
WO observou, pela primeira vez, um movimento noutro canto do quarto, quando tinha uns 26 anos.Assustou-se imenso, e imediatamente pediu a Deus que fizesse desaparecer o movimento, porque lhe fazia sentir que não estava sozinho no quarto… o que não era uma situação aceitável. Deus atendeu o seu pedi-do, o movimento parou e medo desapareceu. Quando tinha 34 anos, o movimento regressou, e de novo Wo pediu que parasse, porque tinha muito medo. O movimento parou, mas não antes que Wo visse algo que nunca tinha visto antes, naquele canto:
outra porta! Nessa porta havia uma estranha inscrição, e Wo teve medo do que isso pudesse implicar. Wo fez perguntas aos líderes religiosos sobre a estranha porta e o movimento que ali havia, e eles advertiram-no de que não se aproximasse desse canto. E acrescentaram que era a porta da morte e que ele morreria certamente se a sua curiosidade se transformasse em acção. Também lhe disseram que a inscrição na porta era maligna e que nunca mais deveria voltar a olhar para ela. Em troca, animaram-no a participar num ritual com eles e a dar o seu talento e proventos ao grupo. E que, fazendo isto, tudo passaria a estar bem.
Quando Wo tinha 42 anos, o movimento voltou. Embora, desta vez, não tivesse sentido medo, novamente pediu para que parasse, e o movimento parou. Deus era bom por responder tão rápida e completamente. Wo sentiu-se fortalecido pelo resultado das suas orações.
Quando tinha 50 anos adoeceu e morreu, embora não se tenha dado realmente conta disso quando tal aconteceu. De novo viu o movimento no canto do quarto e voltou a pedir para que parasse, mas, ao contrário do que esperava, o movimento tornou-se mais claro e mais próximo. Assustado, Wo levantou-se da cama… e descobriu que o seu corpo terreno ficou ali, e que ele se encontrava em forma de espírito. À medida que o movimento avançava para ele, Wo começou a reconhecê-lo. Começou a sentir curiosidade em vez de medo. O seu corpo espiritual parecia-lhe natural.
Então viu que, na realidade, o movimento era formado por duas entidades que se aproximavam. As duas figuras brancas, à medida que se situavam cada vez mais perto, brilhavam como se tivessem luz no seu interior. Finalmente, colocaram-se diante dele. Wo surpreendeu-se pela sua majestade. Mas não teve medo.
Uma das figuras dirigiu-se a Wo e disse:- Vem, meu querido, está na hora de ir embora.A voz da figura estava cheia de gentileza e familiaridade. Sem duvidar, Wo acompanhou-os. Começava a recordar o quão familiar era tudo aquilo, enquanto olhava para trás e via o seu cadáver aparentemente adormecido na cama. Sentia-se cheio de um maravilhoso sentimento, que não conseguia explicar. Uma das entidades tomou a sua mão e encaminhou-o directamente para a porta que tinha a estranha inscrição. Aporta abriu-se e os três passaram por ela. WO viu-se a si mesmo num longo corredor com portas para outros quartos, de um lado e do outro. Pensou para si mesmo que aquela casa era muito maior do que pensava! Viu a primeira porta… que tinha novamente aquelas estranhas inscrições. Perguntou a uma das entidades brancas:
- O que há por detrás desta porta da direita?
Sem dizer palavra, a figura branca abriu a porta e convidou-o a entrar. Assim que entrou, Wo ficou estupefacto. Amontoadas, desde o chão até ao tecto, havia mais riquezas do que em qualquer um dos seus sonhos mais loucos! Havia lingotes de ouro, pérolas e diamantes. Só num dos cantos havia rubis e pedras preciosas suficientes para um reino inteiro! Olhou para os seus companheiros brancos e brilhantes, e perguntou-lhes:
- Que lugar é este?
O mais alto respondeu:
- Este é o teu quarto da Abundância, se tivesses querido entrar nele. Continua a pertencer-te e ficará aqui, para ti, no futuro.
Wo ficou impressionado com esta informação.
Quando regressaram ao corredor, Wo perguntou o que havia no primeiro quarto do lado esquerdo, por detrás de outra porta com uma inscrição que começava a fazer um certo sentido. Ao abrir a porta, a figura branca disse:
- Este é o teu quarto da Paz, se acaso o tivesses querido usar.
Wo entrou no quarto com os seus amigos, e encontrou-se envolvido por uma névoa branca e espessa. A névoa parecia estar viva porque imediatamente revestiu o seu corpo, e Wo começou a inalá-la. Sentia-se extraordinariamente tranquilo e sabia que nunca mais voltaria a sentir medo. Sentiu paz, onde antes nunca a tinha tido. Queria ficar ali, mas os seus companheiros animaram-no a prosseguir, e continuaram a andar pelo corredor. Havia ainda outro quarto do lado esquerdo.
- O que é que tem este quarto? - perguntou Wo.
- Esse é um lugar onde só tu podes entrar – disse a figura mais pequena.
Wo entrou no quarto e imediatamente se sentiu preenchido por uma luz dourada. Sabia o que era: era a sua própria essência, a sua iluminação, o seu conhecimento do passado e do futuro. Este era o armazém de paz e de amor de Wo. Chorou de alegria, e ficou ali a absorver verdade e compreensão durante muito tempo. Os seus acompanhantes não entraram, pois eram pacientes.
Finalmente, Wo regressou ao corredor. Tinha mudado. Olhou para os seus acompanhantes e reconheceu-os:
- Sois anjos-guias! – afirmou.
Não - disse o mais alto – somos os TEUS guias. E continuaram a falar com perfeito amor:
- Temos estado aqui desde o teu nascimento por uma única razão: amar-te e mostrar-te a porta. Tiveste medo e pediste que nos fôssemos embora. Assim o fizemos. Estamos ao teu serviço em amor, e honra-mos a expressão da tua encarnação.
Wo não sentiu repreensão naquelas palavras. Deu-se conta de que não o julgavam, antes o honravam, e sentiu o seu amor.
Olhou para as portas mas, agora, já conseguia perceber as inscrições! Enquanto avançava pelo corredor viu portas marcadas como CURA, CONTRATO, e outra com a palavra ALEGRIA. Viu mais do que desejava, porque por todo o lado havia portas com os nomes de crianças ainda não nascidas, e havia uma, inclusive,que dizia LÍDER MUNDIAL. Wo começou a dar-se conta do que tinha perdido. E, como se soubessem o que pensava, os guias disseram-lhe:
- Não te recrimines porque é inapropriado e indigno da tua magnificência.
WO já não conseguia compreender nada. Olhou para o final do corredor, para o lugar por onde tinha entrado, e viu a inscrição na porta, a tal inscrição que, no princípio, o tinha assustado. A inscrição era um nome! Era o SEU NOME, O SEU VERDADEIRO NOME!...
Wo, agora, compreendia tudo. Sabia a rotina dali em diante, porque agora recordava tudo, e já não era Wo. Disse adeus aos seus guias e agradeceu-lhes a sua fidelidade. Ficou parado durante algum tempo, olhando-os e amando-os. Então Ele começou a avançar para a luz no final do corredor. Já ali tinha estado antes. Sabia o que o esperava na sua breve viagem de três dias à Gruta da Criação, para recuperar a sua essência. A seguir, iria para o Salão de Honra e Celebração, onde o esperavam aqueles que o amavam muitíssimo, inclusive aqueles a quem Ele tinha amado e perdido durante a sua estância na Terra. Sabia onde tinha estado e sabia para onde ia. Wo voltava para Casa.

"David, o Índio"

Eis uma história sobre um índio que vivia numa ilha maravilhosa, com tudo o que necessitava, mas cuja curiosidade por saber mais sobre o que o rodeava o separou do resto do grupo.
Havia um índio chamado David que vivia numa ilha. E para aqueles de vocês que desejem saber sobre o porquê dum índio se chamar David, terão que analisar essa questão mais tarde (risos cósmicos).
A ilha onde David vivia era boa e nela reinava a abundância. David pertencia à linhagem real da ilha, pois o seu avô era o chefe. David tinha uma vida maravilhosa na ilha: havia abundância de alimentos e eram muitas as coisas que cresciam e se podiam comer. O povo e a tribo de David viveram bem durante muitos, muitos anos.
Porém, a ilha estava rodeada dum estranho fenómeno, pois havia um grande banco de nevoeiro, muito espesso, que a rodeava a 5 quilómetros da costa. Esta névoa rodeava completamente a ilha, mas, como nunca se acercava da costa, o clima na ilha era geralmente soalheiro e claro. A névoa mantinha-se sempre à mesma distância, ano após ano, como um sinal ameaçador, e nunca ninguém tinha podido ver para lá dela. David cresceu com esta névoa, assim como aqueles que viviam no povoado, geração atrás de geração. Não a compreendiam, mas temiam-na, posto que, de vez em quando, alguém ia até ao nevoeiro e nunca mais voltava. David recordava-se que, quando era criança, um ancião da tribo que se encontrava prestes a morrer, decidiu meter-se na sua canoa e dirigir-se para a névoa.
Contavam-se muitas histórias acerca do que aconteceria a quem fosse ao nevoeiro, e a maioria delas
relatavam-se à noite, à luz das fogueiras. Aos habitantes do povo foi ensinado que se alguém decidisse ir ao nevoeiro, o resto das pessoas devia meter-se nas suas casas, e não olhar! Bem, havia um grande temor por este nevoeiro. Mas David, pertencendo à realeza, pôde observar estes acontecimentos ao lado dos anciãos, quando era criança, e também mais tarde, quando adolescente. Mas o único acontecimento que recordava verdadeiramente, era aquele do ancião dirigindo-se ao banco de nevoeiro, e que, tal como se esperava, nunca mais voltou. Era, tal e qual, como diziam os antigos: “Quem se aventura no banco de nevoeiro, nunca mais regressa”. E aqueles que pertenciam à linhagem real ficaram muitas horas a observar a névoa, depois que o ancião desaparecera nela, à espera que sucedesse aquilo que se tinha dito que aconteceria. Frequentemente, ao fim de algum tempo, escutavam um gigantesco ruído apagado, um som terrível que provocava o temor nos seus corações, um rugido apagado que não podiam compreender. David recordaria como soava esse ruído pelo resto da sua vida.
Quem sabe o que poderia ser? Talvez um monstro, que se encontrava do outro lado do banco de névoa?
Talvez o som de um torvelinho ou duma cascata gigante que cobrava as vidas daqueles que se aventuravam a atravessar? Assim, pode parecer estranho que David, nos seus 34 anos, tomasse a decisão que tomou, mas ele sentiu-se atraído pelo nevoeiro. Teve a sensação de que havia algo mais na sua vida que se estava a perder. Talvez fosse uma verdade que estivesse adormecida há anos, e talvez a névoa fosse a resposta. É verdade que ninguém tinha regressado, mas isso não significava que tivesse morrido. Então, sem dizer nada aos anciãos nem aos habitantes do povoado, David dispôs-se corajosamente a ver o que havia do outro lado do banco de nevoeiro. Entrou na sua canoa lentamente e realizou uma cerimónia pelo que se dispunha a fazer. Deu graças a Deus pela sua vida e pela revelação do que viria. Sabia que, à margem do que lhe sucedesse, teria ao menos o conhecimento. E era isso que o impulsionava a fazê-lo.
Assim, pois, David remou silenciosa e suavemente até ao banco de névoa. Ninguém o viu, pois não anunciou o que ia fazer. Em breve se encontrou nas cercanias do banco de nevoeiro, e ia-se aproximando cada vez mais. Então, notou uma coisa estranha: nunca ninguém tinha estado tão próximo da névoa, para observar algo assim, mas ela parecia que o atraía para si. Começou a dominar o medo ante este facto surpreendente. David já não necessitava do remo, e assim colocou-o dentro da canoa, que desapareceu no nevoeiro. Tudo ficou cada vez mais escuro. Então, David começou a reconsiderar o que havia feito: “Sou um homem jovem, traí os meus antepassados, pois sou de linhagem real e decidi fazer uma loucura”. Agora estava aterrado, e o temor desceu sobre ele como um manto de morte. A negrura começou a penetrar no seu cérebro, estremeceu de frio e de emoção, enquanto a canoa deslizava suavemente para a frente.
David permaneceu no banco de névoa durante horas. Parecia que aquilo nunca mais tinha fim. Acobardou-se na sua canoa, pois sabia que tinha cometido um erro. E se isto nunca mais muda? - perguntou a si mesmo. E se estou aqui por toda a eternidade e morro de fome nesta canoa?
David teve rapidamente uma visão atemorizante, na qual os que tinham partido antes dele se encontravam agora flutuando eternamente nas suas canoas, fazendo círculos ao redor da ilha, como esqueletos na névoa escura. Poderia ver o ancião de há anos atrás? Poderia alterar alguma coisa, alguma vez?
- Oh, onde está a verdade que busco? – gritou David em voz alta para a névoa.
Então aconteceu. David saiu para o outro lado do nevoeiro… e ficou assombrado com o que viu! Diante dele havia um continente inteiro, cheio de gente e de povoados até onde era possível enxergar. Pôde ver fumo saindo das chaminés e escutou as pessoas a tocar, nas praias. Havia vigias colocados ao longo do banco de nevoeiro, que o viram imediatamente. Ao vê-lo aproximar-se, fizeram soar as suas trompas para fazer saber, aos que estavam na costa, que outro valente tinha cruzado a névoa. Então, David ouviu um clamor gigantesco procedente da terra. Um clamor de celebração! Um clamor de honra! Rodearam-no com as suas canoas e lançaram-lhe flores. Ao chegar à praia, aproximaram-se dele, ergueram-no, levaram-no em ombros, e celebraram a sua chegada através da névoa. Nesse dia, David, o real, começou uma nova e próspera vida.


"Wo e o grande vento"

Wo era um indivíduo iluminado. Morava numa ilha muito pequena, juntamente com outras pessoas.
Levava uma vida muito boa, pois estava realmente no Caminho. Poderíamos chamar-lhe um Guerreiro da Luz, pois costumava meditar e seguir o Espírito. Tinha filhos maravilhosos a quem ensinava a essência do Espírito, através do seu amor. Wo era muito querido pelos seus vizinhos, e todos o conheciam como um homem bom.
Wo dizia diariamente: ”Oh, Espírito, amo-te. Ah! Como eu desejo cumprir o meu contrato de estar no lugar certo e no momento adequado!... Este é o meu desejo.”
À medida em que Wo progredia na vida, ano após ano, ia diariamente à praia e, com o barulho das ondas nos seus ouvidos, aproximava-se ao máximo da água, sentava-se e dizia:
”Oh, Espírito, coloca-me no lugar que me corresponde. Não importa que seja longe daqui. O que eu
quero é estar no meu lugar doce”.
Como podem ver, fazia tudo correctamente e era muito honrado por isso.
Mas Wo também dizia: ”Oh, querido Espírito, há um dom desta Nova Era que eu gostaria muito de
receber. Sei que algumas pessoas nunca conseguem mas, se for apropriado, gostaria que me fosse permitido ver os meus guias. Ainda que seja uma só vez”.
Pronto. Com estas palavras, meus queridos, ficaram a conhecer o funcionamento interno da vida de Wo e da sua mente. Wo era assim.
Então, uma violenta tempestade aproximou-se da ilha. E Wo assustou-se porque lhe pareceu que aquele ciclone passaria justamente sobre a sua casa. Desde há centenas de anos, nunca se vira uma tormenta tão forte como aquela, tanto assim que, à medida que se aproximava, muitos foram os que abandonaram a ilha.
Wo ficou a saber que estaria no lugar certo e no momento adequado, tal como ele mesmo tinha cocriado.
Por isso, esperava que o vento acabasse por mudar de direcção a qualquer momento. Mas, bem ao contrário, a situação foi ficando cada vez pior. Todos se fecharam em suas casas porque lhes tinha sido dito: “Não saiam para o exterior, porque poderão sofrer acidentes”. Assim, as pessoas ficaram em suas casas e viram os ventos que chegavam e as águas que subiam. Viram as suas casas começarem a desintegrar-se com a poderosa ventania e ficaram muito atemorizados.
Mas Wo ficou calado. Deixara de falar com o Espírito porque estava aborrecido com Ele. De facto, estava zangado. Sentia-se como louco, pois tinha a sensação de ter sido traído. Disse:
“Se sempre pedi uma coisa, como é que, quando chega o momento, não a obtenho?”.
Então, os ventos ficaram ainda mais fortes e Wo ficou ainda mais zangado. Nesse momento, a energia eléctrica falhou. Wo ouviu os camiões nas ruas a recolher as pessoas, enquanto os altifalantes anunciavam:
“Já não estão seguros nas vossas casas. Subam para estes camiões enquanto podem. Vamos levá-los para a escola, que é um edifício sólido. Ali estarão a salvo.”
Os grandes camiões percorriam as ruas para recolher as pessoas da ilha e levá-las para os sólidos edifícios das escolas e das igrejas. Então, Wo decidiu dirigir-se para uma das maiores escolas, perto de sua casa. Chegou juntamente com muitos dos seus vizinhos, reparando nas suas expressões. Observou rostos pálidos e temerosos, mas, nos olhos de Wo, havia somente cólera contra Deus. Enquanto se espremiam na cave, onde acreditavam estar a salvo, a energia eléctrica também ali falhou, pelo que ficaram na escuridão. Acenderam velas mas, nesse momento, começou a entrar água e os ventos começaram a destruir o edifício da escola. Aperceberam-se do gemido do cimento e da madeira que se quebrava e, então, abraçaram-se uns aos outros no escuro, aterrorizados, calados. Então Wo chegou a uma espantosa conclusão: percebeu que não tinha medo. Estava muito irritado, é certo, mas não tinha medo. Olhou ao seu redor e viu as pessoas abraçadas nos corredores, com a água até aos calcanhares, gelados, sem calor nem luz. E não pôde deixar de reparar no terror que os dominava. Foram muitos os que, naquela noite, sentiram que todo o grupo iria morrer. Como poderia ser de outro modo, se lhes fora dito que o olho do furacão ainda não estava sobre eles, e que deveriam esperar pelo pior? Se a escola se desintegrasse, com certeza encontrar-se-iam à mercê dos elementos, do vento e da chuva. Wo levantou-se do lugar onde estivera sentado a curtir a sua raiva. Abraçou a sua família e disse: ”Aqui há trabalho para fazer. Vocês serão salvos”. Olhou os filhos nos olhos e disse-lhes: “ Vejam, não há medo nos meus olhos, pois prometeram-me que nos salvaremos”. Então, Wo afastou-se e foi de vizinho em vizinho e de grupo em grupo. Falou-lhes do seu amor pelo Espírito e disse-lhes que o Espírito nunca o tinha abandonado. Deu-lhes a certeza de que estariam a salvo e repartiu com eles o amor que só um ser iluminado pode dar. Ao afastar-se de cada grupo, via que o terror também os abandonava e que, agora, se sentiam cheios de esperança como se uma nuvem escura se tivesse dissipado. Alguns grupos começaram a cantar, de forma que o terror e o silêncio presentes foram substituídos pelo som das canções; outros, começaram a rir enquanto contavam histórias engraçadas que tinham acontecido nas suas vidas, fazendo com que o medo diminuísse ainda mais.
E o terror desapareceu. Foi peregrinando de grupo em grupo, que Wo fez o seu trabalho durante toda aquela noite. E, como se fosse uma espécie de milagre, o olho do furacão nunca chegou até eles. Em lugar disso, a tormenta inverteu o seu curso e seguiu outro caminho, diminuindo lentamente de intensidade, em lugar de intensificarse. Quando Wo terminou o seu trabalho, a tempestade já tinha amainado o suficiente, para que ele pudesse dar a notícia que já podiam voltar para suas casas, nos mesmos camiões em que tinham vindo. Como o sol estivesse a nascer, Wo percebeu que tinha estado na escola toda a noite. Ao saírem do prédio, comprovaram que quase já não havia vento. Que depressa a tormenta se afastara! Os pássaros voltaram a cantar, o sol nascia de novo e as pessoas regressaram para suas casas. Oh, alguns ficaram muito aflitos, porque as suas casas tinham ficado destruídas. Também era o caso de Wo ao verificar que a sua casa tinha ficado sem telhas, que entrara água e muitos dos seus haveres tinham ficado destruídos. Nas semanas seguintes, calmamente, iniciou-se a reconstrução.

"O pai e o filho"

Esta é uma história com a qual muitos homens se irão identificar. Qual é a personagem que você representa... o pai ou o filho? Ainda que possa não ser qualquer um deles, ainda que você nem sequer seja do sexo masculino, esta é uma história importante para o nosso planeta. É uma história sobre o ódio - aquela espécie de ódio que dura toda a vida - e sobre um dos testes supremos para a natureza humana. O ódio é como um elástico enrolado em espiral. O que a maior parte das pessoas desconhece é que, quando se solta, tem o poderoso potencial de se converter em amor!
Permitam-me que vos conte agora a história sobre o pai e o filho. Permitam que o amor sature cada um dos poros do vosso corpo, à medida que a Verdade desta história real se vai revelando a vós. É chegado o momento da cura para aquilo que, quem sabe, já tenham pedido, porque a cura entrará em acção. A acção é o resultado do Conhecimento.
Era uma vez, um pai no planeta Terra. Muito embora "ainda" não fosse pai, esperava, ansiosamente, sêlo, dado que estava para o breve o nascimento do seu primeiro filho. Desejava que fosse um filho varão, pois tinha já muitos planos para ele. Como era carpinteiro, pretendia ensinar este ofício ao filho. Dizia:
- Oh! Tenho tantas coisas para lhe ensinar! Ensinar-lhe-ei todos os truques do negócio, e sei que se interessará por manter o nome da família neste ofício.
E assim, quando ocorreu o nascimento e teve, realmente, um filho varão, sentiu-se cheio de alegria.
- Este é o meu filho! - dizia a todas as pessoas. Este é o que continuará a linhagem da família. É o que terá o meu nome. Este é o novo grande carpinteiro, pois lhe ensinarei tudo o que sei. O meu filho e eu vamos estar sempre muito bem, junto um do outro.
O menino cresceu a gostar do pai, que o adorava e incentivava, dizendo constantemente:
- Filho, vais ver quando eu puder compartilhar estas coisas contigo. Vais adorar! Compartilharás da nossa linhagem, do nosso ofício, da nossa família, e teremos muito orgulho em ti, mesmo depois de eu já ter partido deste mundo. Aconteceu, porém, algo de insólito, durante o caminho. À medida que a vida decorria, o filho começou a sentir-se sufocado pela atenção do pai e a sentir que tinha o seu próprio percurso a fazer, muito embora não o manifestasse por estas palavras. E começou a revoltar-se com coisas pequenas. Quando completou dez anos, já não estava minimamente interessado naquilo que o pai tinha a dizer sobre a carpintaria ou sobre a linhagem. Com respeito, disse ao seu pai:
- Pai, peço-lhe que me respeite. Tenho os meus próprios gostos e desejos. Estou interessado em coisas que nada têm a ver com carpintaria. O pai nem queria acreditar no que estava a ouvir, e respondeu:
- Mas, filho... Tu não percebes! Olha… Sou mais sábio do que tu e posso tomar decisões por ti. Permite-me ensinar-te estas coisas. Permite que assuma o papel que me cabe, como teu mestre, e vais ver que passaremos tempos óptimos, os dois.
- Eu não vejo as coisas assim, pai. Não desejo ser carpinteiro, nem tão pouco quero magoá-lo, senhor. Mas tenho o meu próprio caminho a percorrer e desejo fazê-lo.
Esta foi a última vez que a palavra "senhor" foi usada, porque o respeito entre pai e filho se foi deteriorando
gradualmente, até que se converteu num vazio negro e escuro.
À medida que ia crescendo, o filho apercebeu-se de que o pai continuava a insistir para que ele se transformasse em algo que ele não queria ser. Como consequência, o filho saiu de casa, sem sequer se despedir do pai, deixando-lhe, somente, a seguinte mensagem: "Por favor, deixe-me em paz."
O pai ficou mortificado. Pensava:
- O meu filho… Passei vinte anos à espera deste momento… do momento em que, supostamente, ele iria ser tudo aquilo com que sempre sonhei... o carpinteiro, o grande mestre desta arte que teria o meu nome. Estou envergonhado. Arruinou-me a vida!
O filho, por seu lado, também pensava:
- Este homem arruinou a minha infância, deu-me vida para ser algo que não escolhi ser. E, neste momento, escolho não sentir afecto por ele.
Gerou-se, assim, um sentimento de tristeza e ódio entre pai e filho, que se manteve ao longo das suas vidas. E, quando o filho teve o seu próprio filho - uma linda menina - pensou:
- Quem sabe... talvez (só talvez), devesse convidar o meu pai para conhecer esta filha da sua linhagem.
Mas, depressa reconsiderou, pensando:
- Não, este é o pai que arruinou a minha infância e que me odeia. Não vou compartilhar nada com ele.
E assim foi. O pai nunca chegou a conhecer a sua neta.
Acontece que, aos oitenta e três anos, o pai morreu. No seu leito de morte, olhou para trás e disse:
- Quem sabe... talvez agora, que é chegada a hora da minha morte, chamarei o meu filho.
E, nesse momento de sabedoria, sentindo a morte próxima, mandou chamar o filho. No entanto, a resposta do filho foi:
- Desprezo-te, porque me arruinaste a vida. Afasta-te de mim.
E acrescentou:
- Alegrar-me-ei com a tua morte!"
Oh! Quanto ódio havia na mente e nos lábios do pai, ao morrer, que pensava como podia ter tido um filho tão desprezível!
O filho levou uma bela vida. E, aos oitenta anos, também ele morreu, rodeado por uma família que o estimava e que lamentava que a sua essência já não continuasse vivendo neste planeta.
E, é aqui, meus queridos, que a história, verdadeiramente, começa. O filho chegou à Gruta da Criação. Seguiu o seu caminho durante três dias, recuperou a sua essência e o seu Nome e avançou até ao Salão de Honra. Ali passou muito tempo em adoração; ali onde, literalmente, milhões de entidades, num estado que nem sequer se pode imaginar, o aplaudiram e respeitaram por tudo o que tinha passado na sua vida, enquanto estivera neste planeta.
Como vêm, meus queridos, já todos vocês ali estiveram antes. Mas não podemos mostrar-vos, porque isso deitaria a perder a vossa permanência aqui na Terra e era algo que vos traria demasiadas recordações.
Mas vocês estarão, um dia, de novo aqui, para receber a nova cor. Porque estas cores são vistas por todos os seres que estão no Universo, quando se encontram convosco. As vossas cores são como uma identificação, a qual indica que foram um Guerreiro da Luz, no planeta Terra. Eu sei que, no momento em que conto esta história, é difícil entenderem esta ideia, mas, mesmo assim é verdadeira. Vocês nem imaginam a importância das cores identificadoras da Terra. Um dia recordarão as minhas palavras, quando se encontrarem comigo na audiência do Salão de Honra.
E assim, ali estava o filho para receber os seus prémios e as novas cores da sua energia, para que girassem com as outras que já possuía, e para mostrar, a todos os que o rodeavam, quem ele era. Quando esta cerimónia acabou, o filho, revestido com o manto da verdadeira identidade que era, enquanto entidade universal, entrou numa zona na qual viu, de imediato, o seu melhor amigo, Daniel... aquele a quem, há tempos atrás, tinha deixado para ir acudir e ajudar ao planeta Terra.
Viu Daniel através do vazio e exclamou:
- Eras tu!?... E desprezei-te tanto...
Aproximaram-se (por assim dizer) e abraçaram-se, partilhando as suas energias. Com grande alegria falaram dos velhos tempos universais que tinham desfrutado juntos, antes de o filho ter ido para a Terra.
Um dia, passeando pelo Universo com o seu amigo Daniel, disse-lhe:
- Sabes Daniel... Na Terra, foste um pai maravilhoso.
-Meu querido amigo... e tu um filho extraordinário - respondeu Daniel. É incrível o que passámos como humanos, não é?... Como é que a dualidade pode ser tão completa que nos separou – a nós grandes amigos
- enquanto estivemos na Terra?".
- Mas como é que pode acontecer algo assim? - perguntou o que tinha sido filho.
- Oh! O véu era tão forte que nem sabíamos quem, realmente, éramos - respondeu o que fora pai.
- Mas o plano funcionou tão bem, não é verdade?
- Sim, de facto funcionou muito bem. Não tivemos a mínima ideia de quem realmente éramos - respondeu
Daniel.
E, desta forma, deixamos estas duas entidades, que se dirigem à Sessão de Planificação da próxima expressão na Terra. Mas ainda podemos ouvir um deles a dizer:
- Vamos para a Terra novamente! Só que, desta vez, eu serei a mãe e tu a filha!

"O Poço de Alcatrão"
"Imagine-se a si mesmo, junto com muitos outros Seres Humanos, num poço de alcatrão. Todos estão cobertos de alcatrão da cabeça aos pés, incapazes de se moverem rapidamente de um sítio para outro devido à espessura do alcatrão. À medida que se desloca penosamente de um lugar para outro, vai-se habituando a esta situação e, ano após ano, vive a sua vida deste modo, juntamente com outros.
Semelhante à gravidade do planeta, o estorvo do alcatrão é simplesmente aceite, é uma realidade para todos. Este é o estado em que você imagina que está.
Mas, de repente, mas discretamente, você recebe um presente de Deus. Trata-se de uma ferramenta "mágica" que limpa o seu corpo e o mantêm limpo, ainda que continue no alcatrão! Como um campo energético, repele o alcatrão à medida que você avança através dele.
Você aceita o presente e o trabalho que o acompanha, e começa a aprender a usá-lo. Como resultado, você vai mudando lentamente. Começa a destacar-se dos outros, porque é diferente: é fresco e limpo enquanto eles se movem à sua volta, ainda no escuro alcatrão. Então, começa a dar-se conta de como você mesmo co-criou esta situação para si, mas também se apercebe que se trata de um presente muito pessoal. Portanto, não faz comentários acerca do assunto.
Mas, acaso acredita que quem o rodeia não vai reparar que você se movimenta livremente, sem que o alcatrão lhe toque ou lhe impeça a passagem?
Não. Eles verão como o alcatrão toca o seu corpo, mas não o suja!
O que acha que irá acontecer?
Ah! Repare! Eles estão prestes a mudar!
A primeira coisa que ocorrerá é que vá você onde for, sempre haverá espaço, porque o abrem para si; a segunda coisa que ocorrerá é que lhe perguntam: “Como é possível algo assim?”. E, quando descobrirem a "ferramenta mágica de Deus", cada um deles começará a usá-la, também, por si mesmo, e cada vez haverá mais Humanos "limpos"; cada pessoa estará criando para si mesma, tal como você fez.
Enquanto continua a levar a sua vida caladamente durante um certo período de tempo, repare no está a acontecer àqueles que o rodeiam. Mais de metade deles, estarão “limpos” e sem o estorvo do alcatrão!
Pare e pense no que realmente sucedeu.
Você não apregoou a sua dádiva nem pediu a ninguém para se transformar; no entanto, transformaram-se. É assim que o trabalho de um só ajuda muitos!
Dizemo-vos, queridos, que, quando vocês se transformam, passam a ser o ponto de partida da mudança daqueles que vos rodeiam. Os Humanos não podem ficar indiferentes quando vêem paz e amor emanando de vocês. É conciliador e está cheio de amor, simultaneamente. Como um imã entre outros imãs, a vossa nova polaridade afectará, mais tarde ou mais cedo, o alinhamento de todos os que vos rodeiam. E a sua existência nunca mais será a mesma."

"Sarah e o sapato velho"

Sarah era uma mulher da Nova Era, iluminada. Percebeu como tomar a responsabilidade da sua vida e, para tal, tinha que encontrar a razão para estar no planeta. Para isso, perguntou aos seus guias como procurar o "seu lugar ao sol" (o lugar onde sentia que tinha que estar) e deram-lhe uma boa informação. Compreendeu os processos e dispôs-se a co-criar o que sabia ser a sua paixão, a sua razão de vida.
Sarah desejava ser parte da rede ecológica do planeta - ajudar a melhorar a Terra e todos os que nela habitavam. Assim, através de uma "janela" que se abriu de repente (coincidência?), teve a oportunidade de pôr esse desejo em acção. Esta "oportunidade" surgiu em forma de emprego, numa companhia que trabalhava com sistemas ecológicos sofisticados; um assunto que lhe interessava imenso e que lhe fazia sentir que podia fazer algo de diferente, para muitas outras pessoas. Devido ao seu novo emprego, tinha que atravessar a cidade, todos os dias, para ir trabalhar num confortável escritório, onde tinha possibilidade de cumprir o objectivo da sua vida.
- Esta é a razão por que aqui estou. - reconhecia. Sinto-me realmente apaixonada pelo meu trabalho!
Sentia-se alegre e em paz. Quando começou a trabalhar, tudo estava óptimo, excepto uma coisa. É que, ao encarnar para vir a este planeta, Sarah veio com medo a locais fechados e pequenos. Para chegar ao seu trabalho tinha que apanhar o Metro... duas vezes por dia. Era uma experiência que a paralisava. Cada manhã, ao entrar no Metro, sentia-se fundir, lentamente, com o seu próprio medo. Ficava ansiosa, agarrada ao poste, com a mão suada e o coração a bater violentamente, durante os vinte e cinco minutos que demorava o trajecto até ao seu maravilhoso emprego.
Passado um mês, Sarah falou com os seus Guias e, penosamente, admitiu:
- Isto assim não pode ser. Tenho que arranjar outro trabalho.
Os guias perguntaram-lhe:
- Então, como é isto possível? Não co-criaste exactamente a situação que pediste? Isto não é uma vitória?
- Não posso continuar neste emprego devido ao meu medo aos locais pequenos e fechados – respondeu Sarah. Fico com o dia todo estragado! Apanhar o Metro, todos dias, duas vezes por dia... ir e vir…
- Sarah... e que tal se eliminarmos o medo em vez do emprego? - sugeriram os guias.
- Hum... não sei - duvidou Sarah. Há trinta e cinco anos que tenho medo dos locais pequenos. Este emprego só o tenho há um mês...
Como vêm, Sarah estava comodamente instalada no seu medo. Era como um velho sapato, um velho amigo, algo que lhe era familiar, que sempre ali estava.
E, tal como um velho sapato pode ser feio e estar todo deformado mas é usado há tanto tempo, esta era a última coisa que podia lembrar-se de mudar.

BERNIE, o pássaro que tinha medo de voar

Gostaríamos de contar a história de Bernie, um pássaro que tinha medo de voar. Queremos contar o que aconteceu, porque esta história é narrada muitas vezes na terra dos pássaros. É algo espectacular, mas também faz um pouco de medo, porque a Mãe e o Pai pássaros, quando os filhinhos pássaros estão prontos, empurram-nos suavemente para fora do ninho! Já sabiam disto? Os pássaros caem, claro, mas logo se apercebem de que alguma coisa lhes diz para abrir as asas, começar a batê-las, pois logo o vento os elevará e... aí vão eles para cima! É bastante difícil que acabem no chão, depois de terem aberto as asas para voar. Seja como for, a Mãe e o Pai pássaros não podem ensiná-los a voar enquanto estiverem no ninho. Já viram? Não dá para voar muito num ninho pequeno. Bom, Bernie não queria ter nada que ver com este assunto. Bernie estava presente, quando, numa manhã bem cedinho, os pais empurraram a sua irmã para fora do ninho. Ele viu-a cair, cair, cair... No último momento possível, lá abriu as asas e desatou a batê-las, como uma louca... E, finalmente, voou! Porém, ficou com a sensação que ela ia esborrachar-se no chão, antes de saber o que fazer. E ficou com muito medo daquilo. Ele não queria pensar, sequer, nessa coisa de voar. Bernie disse: «Não vejo qualquer razão para que eu tenha de voar. Algo não está bem neste sistema.» Então, convenceu o seu irmão Bobbie de que todo aquele assunto do voo era uma coisa estúpida. Bobbie deixou-se convencer, desinteressou-se da necessidade de aprender a voar e foi ter com a mãe para lhe dizer isso mesmo. Disse-lhe que não queria voar porque tinha medo, e que, se víssemos bem, não precisava disso para nada, pois o ninho era excelente e preferia ficar ali. A Mãe ficou a olhar para ele durante um certo tempo e, de repente... empurrou-o para fora do ninho! Bobbie caiu, caiu, caiu, caiu... até ao momento em que abriu as asas e começou a batê-las, a batê-las... até começar a subir. Bernie assistiu a tudo isto. Era o mais novo, pois tinha nascido pelo menos dois minutos depois de todos os outros... e sabia que seria o próximo a... Pensou: «Não me interessa se a minha irmã e o meu irmão passaram por isto. Ninguém me vai empurrar para fora deste ninho, porque eu não sou obrigado a voar. Isto não é para mim!». Portanto, Bernie tinha que arranjar um plano. Uma noite, enquanto estavam todos a dormir, Bernie encontrou um cordel. Era uma coisa que o pai tinha arranjado para ajudar a consolidar o ninho. Por vezes, quando se constrói um ninho, arranjam-se todo o tipo de coisas para o tornar mais forte, pelo que havia um cordel lá no meio dos pauzinhos e da palha do ninho. Bernie decidiu atar uma ponta do cordel a uma pata e a outra ponta a uma parte estável do ninho. Se a mãe o empurrasse quando ele estivesse distraído, somente cairia aí uns vinte centímetros, mas livrava-se da queda. (As crianças riem-se)... Era um excelente plano! O problema é que, como Bernie nunca tinha ido a nenhum acampamento dos escuteiros, não sabia dar nós de pássaro. Bom, fez o melhor que sabia: deu o nó que pensou que iria funcionar, escondeu-o cuidadosamente... e manteve-se sempre afastado da mãe, quando ela andava por ali. Como tinha previsto, na noite seguinte, quando estava a dormir... a mãe empurrou-o para fora do ninho! Funcionou!... Caiu e o cordel aguentou! Ali estava Bernie, pendurado uns vinte centímetros abaixo, suspenso no ar. Como estava escuro, a mãe pensou que Bernie já andava lá em baixo a bater as asas e a aprender a voar, pelo que voltou a dormir. Bernie, lá ficou pendurado, muito caladinho, pensando em como tinha sido inteligente. Às tantas, trepou pelo cordel e foi deitar-se no seu lugar. Estava muito contente por não ter tido que cair por ali abaixo e voar, como a sua irmã e o seu irmão. E adormeceu. Na manhã seguinte, quando a mãe acordou, viu Bernie dentro do ninho, com o cordel amarrado à pata e tudo, e disse-lhe. «Bernie! O que é que estás aqui a fazer?». E (com o bico) apontou para o cordel que Bernie se tinha esquecido de tirar. «Parece-me que chegou o momento do pai ficar a saber do que se passa», exclamou. «Espera aí, que ele já fala contigo!». Bernie, pensou. «Que estúpido fui! Esqueci-me de tirar o cordel!... ‘Tou feito! Agora o pai vai meter-se no assunto!» De facto, o pai regressou ao ninho naquele preciso momento. Era um pássaro muito grande com um monte de plumas. Bernie tinha um pouco de medo dele por ele ser assim... tão grandote. Mas, como o pai era um pai amoroso, perguntou-lhe: «Bernie, o que se passa? Todos os pássaros voam. Olha à tua volta. Todos andam a voar. É uma coisa típica dos pássaros... Tens que aprender!... Por que não queres voar? Porquê?» Bernie pensou um momento e disse: «Tenho medo, paizinho.» «E por que tens medo?», perguntou o pai. «Olha para a tua irmã e o teu irmão, olha para mim e para a tua mãe... todos nós voamos. Repara... os teus amigos voam... Os pássaros voam, Bernie. Tu és um pássaro!» «Tenho medo, paizinho... porque... ali não há nada! Dizes que o ar sustenta as asas. Mas... é invisível. E quase que não funciona!... Viste o meu irmão e a minha irmã quando caíram? Quase que não conseguiam!» O pai pensou durante um bocadinho e disse: «Ainda que não possas ver o ar, Bernie, ele irá estar debaixo das tuas asas. Tudo o que tens de fazer é manter as asas abertas durante o caminho para baixo... e o ar irá empurrar-te para cima. É assim que todos nós voamos. O ar é invisível, mas existe.» «Isso é magia, nada mais.» disse Bernie. «O ar não se pode ver. Não podes dizer que o ar existe se não o vês. Não existe, pronto! Talvez a magia funcione contigo e com a mãe, com o meu irmão e a minha irmã, mas eu tenho que ver antes de acreditar. O ar é invisível... Como é que sei que não estão a enganar-me? Eu não sei como é que vocês voam... mas o ar não existe porque eu não consigo vê-lo.» Bernie fez uma pausa e continuou: «Pai, já sei!... Olha, para que é que eu tenho que voar? Gostava era de começar uma nova raça de pássaros chamada Pássaro Andarilho (Risos). Por que tenho que ser como os outros? Descerei, caminhando pela árvore, encontrarei uma minhoca e logo subirei pela árvore outra vez. Levarei uma linda vida. Encontrarei por aí uma esposa de Pássaro Andarilho e teremos filhos Pássaro Andarilho. Nascerá uma nova raça. Um dia olharão para o passado e dirão: «Bernie deu início à grande raça Pássaro Andarilho!» O pai de Bernie ficou que tempos a olhar para ele e disse para consigo mesmo: «Pássaro Andarilho?» E revirou os olhos. «Bem, creio que está na hora de Sigg te ver.» «Quem é Sigg?», perguntou Bernie, desconfiado. «É o médico do bando, o doutor do cérebro.» (Risos) Vamos ter que trazer Sigg para que te veja. Mas, Bernie, o pássaro doutor do cérebro é muito sensível. Quando ele chegar, não te enganes e não lhe chames Cérebro de Pássaro6. (Risos)«Pai, não me interessa o que o Dr. Sigg me vai dizer. Ninguém pode convencer-me de que o ar é real. Pois se eu não o vejo! Então, já a noite ia alta, e enquanto Bernie dormia, a sua mãe aproximou-se silenciosamente e, lentamente,começou a debicar o cordel que ele ainda usava para se proteger da «queda». Depois... atirou-o para fora do ninho! As coisas aconteceram muito rapidamente. Bernie caiu... e foi uma experiência horrível! Estava muito assustado, gelado de medo até. Viu passar a casca da árvore a toda a velocidade... e o chão a aproximar-se. Pensou: «Tenho que abrir as asas... mas eu não acredito no ar. Não posso acreditar nele porque não é real; não consigo vê-lo. Não, não posso fazer isso!» Claro que não abriu as asas. Ia direitinho ao chão e soube que, primeiro cravaria o bico, depois, bom... depois acabaria como uma vara espetada no chão... com as pernas abertas no ar. Ia acabar petrificado no chão, cravado como uma seta. Ninguém poderia tirá-lo, e ali ficaria como uma estátua de pássaro! (risos). Bom, afinal, aquilo era somente um pesadelo... E que pesadelo! De manhã, Bernie acordou como sempre. E, como era de esperar, já ali estava o pássaro doutor do cérebro. Sigg tinha chegado a horas. «Bom dia, Bernie», disse Sigg. «Bom dia, Sr. Cérebro de Pássaro... Doutor». «É Pássaro Doutor do Cérebro», disse Sigg. «Não te esqueças, filho» «Muito bem, Dr. Cérebro de Pássaro».«Bernie!», exclamou o médico. «Desculpe, sinto muito», disse Bernie... mas não sentia nada. (As crianças riem).«Bernie, afinal tu tens medo de quê?», perguntou-lhe o médico sinceramente. E Bernie recomeçou com a cantilena. «Não consigo acreditar no ar, nem sequer o consigo ver. Sei que todos vocês voam... flap, flap, flap,...». Bernie, claro, estava a gozar com a capacidade de voar. «Só que isso de voar não é bom para mim porque, antes de mais nada, eu preciso absolutamente de ver o ar, Sr Doutor Cérebro de Pássaro... senhor» Sigg franziu o sobrolho novamente para Bernie perante esta nova falha... mas Bernie estava a divertir-se imenso. Sabia que o Dr. Sigg não gostava que lhe chamassem Doutor Cérebro de Pássaro, mas, mesmo assim, cada vez que se dirigia a ele, dizia «Doutor Cérebro de Pássaro... senhor». Isto fazia com que soasse melhor. Sigg, virando-se para Bernie, disse-lhe: «Bernie, tens medo de voar porque não consegues ver o ar. Mas, lá no fundo, do que é que, realmente, tens medo?» Bernie pareceu-lhe que a pergunta era estúpida, de maneira que também respondeu um pouco estupidamente: «Bom, Doutor Cérebro de Pássaro... senhor. Tenho medo de cair e de me esborrachar no chão... o que, segundo parece, não demora muito a acontecer quando os pássaros caem dos ninhos... Tenho medo, pronto!» «E, concretamente, o que é que faz com que um pássaro caia?», perguntou Sigg ao seu jovem aluno. «Bom... quer dizer..., suponho que é a gravidade», respondeu Bernie. «Ah... sim... então é a gravidade», Sigg fez uma pausa e continuou: «Sabes, Bernie, mas também não se pode ver a gravidade, não e assim?» Bernie pensou por um instante e respondeu: «Realmente, não. Não se pode ver a gravidade». «Mas tu acreditas na gravidade, Bernie? Mostra-me lá a gravidade». Bernie pensou e depois disse: «Bom, não posso mostrar-lhe a gravidade. Se saltar do ninho, cairei e morrerei. Pois então, isso é gravidade». Bernie sentia-se orgulhoso por ter respondido àquela pergunta tão difícil. «Assim é, de facto», disse o doutor.» Podes provar que a gravidade existe desde que saltes do ninho, Bernie. Mas também podes provar que o ar existe quando saltas do ninho, porque ele existe, tal como a gravidade. Não podes vê-lo mas ele existe». Bernie não gostou do rumo que a conversa estava a tomar. O que lhe valeu foi que Sigg terminou a sessão de orientação e preparou-se para se ir embora. Mas, em vez de se atirar para a frente e sair a voar, Sigg saltou para fora do ninho, deu um grito enorme a chamar por Bernie e fingiu que caia a pique por ali abaixo: «Isto é gravidade, Bernie...», gritou Sigg enquanto caía na vertical, «... e isto é o ar, Bernie!», acrescentou ao endireitar-se com as asas totalmente abertas. Depois, afastou-se voando suavemente. Bernie ainda conseguiu ouvir o Doutor Cérebro de Pássaro a cantar enquanto se afastava: «Ambos são invisíveis... olarilolé... ambos são reais»... Bernie ficou ali quieto durante um bom bocado. Pensou... pensou... e finalmente sentenciou: «Sabem, o pássaro doutor do cérebro tem razão. Só porque não posso ver o ar isso não significa que não exista. A gravidade está em toda a parte. Talvez se passe o mesmo com o ar. Mas é precisamente disso que tenho medo. Não conseguirei saber enquanto não experimentar.» Sigg, o pássaro doutor do cérebro, mostrara a Bernie que era interessante o facto de haver algo que não se pudesse ver, como a gravidade, mas que convinha saber que existia, pois podia-se morrer em consequência de uma queda. Mas também chamara a atenção de Bernie para o facto de ele não acreditar em algo maravilhoso, como era voar, usando o ar invisível. E Bernie compreendeu que, de facto, tinha medo era da gravidade! Talvez o ar invisível fosse parecido com a gravidade invisível, mas... conseguiria salvá-lo? Bernie decidiu que, no dia seguinte, voaria. Seria corajoso... e disse-o a todos os pássaros do bosque e dos outros ninhos, que estavam ali a olhar para ele. Garantiu-lhes: «Vou fazê-lo!» No dia seguinte, Bernie acercou-se da borda do ninho. Muitos se reuniram para ver, pois toda a população dos ninhos conhecia o problema de Bernie. Parecia que, cada vez que o pássaro doutor do cérebro visitava algum pássaro todo o grupo sabia... Mas esta é outra história para contar noutra altura. Bernie levantou-se. Voltou a anunciar a todos que era tempo de confiar nessa coisa invisível chamada AR!Fartou-se de falar sobre a confiança e as coisas invisíveis, e de seguida, com grande coragem e cerimónia... lançou-se ao espaço e deu início ao enorme trambolhão. Bernie, não tardou a encontrar-se... a bambolear, vinte centímetros abaixo do ninho! Tinha-se esquecido de desatar o cordel! (Risos!) Bernie estava muito envergonhado e humilhado. O bosque inteiro estava a rir! Até os que não eram pássaros se riam. Os ratos e os esquilos também! Podia ouvir o bosque a ressoar com as palavras: «O Pássaro Andarilho... O Grande Pássaro Andarilho!». Então, Bernie ficou a saber que toda a gente conhecia a conversa que tivera com o pai. Bom, de facto, tinha que fazer alguma coisa. Voltou a subir pelo cordel, soltou-se dele, voltou a inspirar fundo aquela coisa invisível chamada ar e olhou à sua volta. O bosque estava em sossego, novamente. Como vocês sabem, os pássaros bebés não saltam do ninho por livre vontade; o normal é serem surpreendidos enquanto estão a dormir, e atirados borda fora, quando menos esperam. Nunca saltam por si mesmos.Ora, de alguma forma, os outros pássaros que estavam ali a ver, sabiam que iam observar algo diferente. E os adultos davam-se conta que era como se vissem pela primeira vez: Bernie, o voador renitente, fundador da nova raça chamadaPássaro Andarilho estava prestes a voar para fora do ninho por sua própria escolha... desta vez sem cordel. E saltou! O medo apoderou-se de Bernie à medida que ia caindo, como chumbo, direito ao chão. Desta vez não era um sonho; desta vez era real! Enquanto Bernie via a casca da árvore a passar rapidamente e o chão a aproximar-se dele a toda a velocidade, ouviu uma voz interna que dizia: «As asas, Bernie, as asas!... Abre as asas!» «’Tou assustado, tenho medo», gritou Bernie mentalmente. Mas, no ultimo momento, finalmente, tal como o irmão e a irmã tinham feito, abriu as asitas curtas e fraquinhas, porque nunca tinham sido usadas, e começou a agitá-las freneticamente. Naturalmente, esse sistema invisível de sustentação, chamado ar, encarregou- se do resto. A magia do voo que tinha servido para a sua mãe, pai, irmão e irmã, apoderou-se dele. Então, sentiu a sustentação e... aí foi ele, por ali acima! Bernie, não se pôde conter. Voou o dia inteiro. Voou, voou, voou o mais alto que lhe foi possível, até que as asas se cansaram e, então, vitoriou essa coisa que não via e a que todos chamavam AR. Planou à volta das árvores e gritou: «Vejam... estou a voar!»... como se nenhum outro pássaro tivesse voado antes! Todos aplaudiram Bernie, não porque estivesse a voar, mas pela coragem que mostrara em voar por sua própria escolha.

* * * * * * * * *

É uma história simples, não é? É bom pensar em Bernie e na sua confiança no invisível... Mas, agora, vamos dizer o que tudo isto significa. Alguns já sabem, não é verdade? Bom, criançada, vocês têm um anjo convosco neste momento. Há um anjo que nasceu com vocês, com quem podem falar sempre que quiserem. É um anjo muito simpático, que vos ama. Tem a mente de uma criança e, inclusivamente, sabe como vocês pensam. É um anjo que adora brincar com os brinquedos com que vocês brincam e vai crescendo à medida que vocês crescem. É um anjo que está sempre disponível e pode ajudá-los em qualquer momento. No entanto, algum de vocês poderá dizer: «Mas eu cá não vejo nenhum anjo!».Bom, não vês porque é invisível... tal como o ar era invisível para Bernie! E podemos acrescentar que este anjo invisível os elevará, inclusivamente quando estejam com problemas, quando estiverem aborrecidos porque as coisas não estão a correr bem. Este é o anjo que vos sustenta com uma energia invisível, quando estão a cair na escuridão por sentirem medo. Gostaríamos que se lembrassem disto, porque este anjo menino estará com vocês a vida inteira. É bonito, é invisível, mas... tal como Bernie descobriu, é completamente real. Querem saber mais sobre o vosso anjo? Pois perguntem-lhe! Ainda que não o consigam ver ou ouvir, como a qualquer pessoa, a emoção do amor e da amizade do vosso anjo será a coisa «real», será a prova de que existe. E tu, adulto? Para onde foi o teu anjo menino? Ainda está contigo ou desfizeste-te dele quando cresceste? A história de Bernie deu-te vontade de rir? Talvez seja tempo de o descobrires, pois nunca se foi embora. É teu para sempre e incita-te a brincar. Portanto, em boa verdade, este é um conto para adultos, porque quem tem medo são os adultos, não as crianças. O medo que sentem é por não quererem deixar o «ninho» do intelecto e a aparente realidade para poderem voar, para voarem até à alturas onde se regressa à condição criança... onde se volta a brincar e a sentir a alegria de acreditar no invisível.
E pronto!



Kryon



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